Sunday, April 27, 2008
simone de oliveira
Corpo de linho, lábios de mosto
Meu corpo lindo, meu fogo posto
Eira de milho, luar de Agosto
Quem faz um filho fá-lo por gosto
É milho-rei, milho vermelho
Cravo de carne, bago de amor
Filho de um rei que sendo velho
Volta a nascer quando há calor
Minha palavra dita à luz do sol nascente
Meu madrigal de madrugada
Amor, amor, amor, amor, amor presente
Em cada espiga desfolhada
Lalalala lalalala lala lalala...
Lala lala lalalala...
Lalalala lalalala lala lalala...
Lalalala lala lala...
Minha raiz de pinho verde
Meu céu azul tocando a serra
Ó, minha mágoa e minha sede
Ao mar, ao sul da minha terra
É trigo loiro, é além Tejo
O meu país neste momento
O sol, o queima, o vento, o beija
Seara louca em movimento
Minha palavra dita à luz do sol nascente
Meu madrigal de madrugada
Amor, amor, amor, amor, amor presente
Em cada espiga desfolhada
Olhos de amêndoa, cisterna escura
Onde se alpendra a desventura
Moira escondida, moira encantada
Lenda perdida, lenda encontrada
Ó, minha terra, minha aventura
Casca de noz desamparada
Ó, minha terra, minha lonjura
Por mim perdida, por mim achada
Lalai lala lalai lala lalala lai la...
Lala lalai la lalai lala...
Lalai lala lalai lala lalala lai la...
Lalalalai... lai lai lai lai...
Simone de Oliveira - Desfolhada
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